A consciência das nadis Ida e Pingala pode ajuda-lo a desenvolver o equilíbrio na prática e clarear o caminho para seu crescimento espiritual.
Por Jaymes Bailey
Um estudante do grande poeta Indiano Kabir uma vez perguntou
a ele: “Kabir, onde Deus está?” Sua
resposta foi simples: “ Ele é a respiração dentro da respiração”. Para entender
a profunda implicação da resposta de Kabir, nós precisamos olhar através dos
componentes físicos da respiração – o oxigênio, dióxido de carbono, e outras
moléculas que percorrem cada inalação e exalação. Por trás desta respiração- e
junto com ela, está o prana, a energia vital do universo que é literalmente a
causa da vida.
Para aqueles que praticam Yoga, o desafio é aproveitar esta
energia para que ela sirva de combustível para a nossa mente, corpo e
desenvolvimento espiritual. Para fazer isso, nós precisamos olhar dentro dos
mistérios da mente e do corpo sutil. Felizmente, os antigos praticantes do
Tantra viajaram nesta paisagem interior, mapeando as diferentes formas de como
esta energia circula dentro de nós. Entre suas descobertas as mais importantes
foram as Nadis, o vasto canal de energia que torna cada indivíduo um ser
integrado, consciente e completo.
A palavra Sânscrita Nadi deriva da raiz Nad, que significa
“flow” “movimento” ou vibração. A palavra por si só sugere a natureza
fundamental de uma Nadi: Fluir como a água, encontrando o caminho de menor
resistência, e nutrindo tudo neste caminho. As nadis são nosso sistema
energético de irrigação; em resumo, eles nos mantém vivos.
De acordo com vários textos Tântricos, o corpo humano contem
72.000 nadis, que são canais de prana para cada célula. Alguns são largos e tem
um fluxo rápido, outros são meros gotejamentos. Quando este sistema flui
livremente, nos sentimos vivos e saudáveis; quando ele se torna fraco ou
congestionado , enfraquecemos a saúde física e mental. As práticas de
Hatha Yoga são tão efetivas porque elas aumentam a força do fluxo do prana no
nosso corpo, revigorando e removendo possíveis obstruções que bloqueiam a
fluidez desta energia.
Por causa das Nadis, assim como os chakras (psicoenergético centro
de energia) prana, e outros aspectos do corpo sutil, não aparecerem sob os
microscópios, a ciência médica os renegou, a algo somente metafórico. Mas
yoguis tradicionais acreditam que o corpo sutil é real, e compreende-lo e
trabalhar com ele equilibram a ênfase na anatomia apenas física
que é predominante na cultura do Yoga nos tempos atuais.
Dia e Noite
Três nadis são particularmente importantes e de interesse
aos Yoguis. O Sushumna (o mais gracioso) Nadi é grande rio do corpo, correndo
da base da coluna até o topo da cabeça, passando através de cada um dos
sete chakras neste percurso. Este é o canal por onde a Kundalini Shakti (o
poder latente da serpente) ascende. Deste sitio original que é o muladhara (raiz) chakra para a
sua real morada no Sahashara (mil vezes maior) chakra no topo da cabeça. Em
termos de corpo sutil, o sushumna nadi é o caminho para a iluminação.
O Ida e o Pingala nadis se encontram espiralando em torno do
sushuman nadi, como as duplas hélices do DNA, cruzando cada um dos chakras. Se
você visualizar o caduceu, o símbolo da medicina moderna, você vai ter uma boa
ideia da relação entre ida, pingala e sushumna nadis. Eventualmente, os três se
encontram no Ajna (comando) chakra, no meio das sobrancelhas.
O Ida Nadi começa e termina do lado esquerdo do sushumna.
Ida é conhecido como a Nadi lunar, fria e nutrida pela natureza, e é também a
controladora dos processos mentais e dos aspectos mais femininos da nossa
personalidade. A cor branca é usada para representar a qualidade da vibração
sutil de Ida. Pingala, a Nadi solar, começa e termina no lado direito do
Sushumna. Ela é aquecida e estimulada por natureza, controla todos dos
processos somáticos e supervisiona mais os aspectos masculinos da nossa
personalidade. A qualidade vibracional da energia sutil de Pingala é
representada pela cor vermelha.
A interação entre Ida e Pingala corresponde a dança interna
entre a razão e a intuição, consciência e o poder vital, e os hemisférios
direito e esquerdo do corpo. No dia a dia, uma das nadis é sempre dominante.
Mas esta dominância se altera ao longo do dia, uma Nadi tem a tendência de ser
mais ascendente e por um maior período do que a outra. Isto tem uma influencia
na nossa personalidade, comportamento, e questões de saúde que podem ser
associadas a cada um dos canais, criando o termo “tipos Ida” e “tipos Pingala”.
Os indivíduos do tipo Ida, tem qualidades lunares e
nutritivas, mas talvez eles não consigam manter sua energia para sustentar uma
pratica mais vigorosa de Yoga. Eles estão cheios de potencial , a menos que
eles desenvolvam seu lado Pingala, talvez eles nunca manifestem este potencial,
tanto em assuntos mundanos ou no desenvolvimento espiritual. Indivíduos do tipo
Pingala tem qualidade solares: tem
personalidade, muita criatividade, e abundante vitalidade. Mas a não ser que
eles desenvolvam seu lado Ida, eles podem perder a quietude, introspeção e
receptividade necessárias para atingir as graças do despertar espiritual.
Criando equilíbrio
Trazer ida e pingala ao equilíbrio é o foco maior da hatha yoga – muito importante, de fato, que o termo hatha simboliza este equilíbrio.
Embora a palavra hatha literalmente signifique “energético” em sânscrito, ela é
composta de ha e tha, duas exotéricas bija (sementes) mantras, que possuem um significado
misterioso e poder. Ha representa a qualidade
solar, a força vital, de pingala. Tha representa a mente e as qualidades
lunares de Ida. Equilibrando sol e lua, ou ida e pingala, facilita o despertar
e a subida da Kundalini, e conduz o despertar da consciência mais elevada. De
fato, alguns professores de yoga sustentam que enquanto existir o predomínio de
ida ou pingala (isto é, um desequilíbrio), sushumna ficará fechada e o poder da kundalini estará dormente.
O método mais poderoso para o equilíbrio de Ida e Pingala é
o Nadi Shodana, respiração nasal alternada. (Literalmente em sânscrito significa
“ limpeza das nadis”). Esta prática é efetiva porque Ida Nadi é diretamente conectada com a narina esquerda,
e pingala Nadi com a direita. Alguns ciclos desta técnica básica de pranayama no
final da prática de ásanas é um excelente caminho para ajudar a restabelecer o equilíbrio
entre as duas nadis e compensar por qualquer desequilíbrio que você sem saber
pode ter causado durante a sua prática.
Entrando em Equilíbrio
Além de usar Nadi Shodhana , você pode experimentar com o uso os
próprios ásanas como um método de equilibrar ida e pingala . No início da
prática , sente-se e observe sua respiração para ver qual narina - e qual nadi
- é dominante. (Se você não pode dizer, tente algumas rodadas de respiração
alternada , que deve ser imediatamente claro qual é o lado mais livre e qual você
sente mais bloqueado ) . Se a narina esquerda domina , ida está no comando, e
você pode considerar o foco da sua
atenção em revigorante asanas , tais como retroflexões , posturas em pé ,
inversões, e torções - que envolvam o nadi pingala . Se a narina direita domina
o resfriamento e a calma das posturas sentadas e flexões
para a frente, podem ser mais benéficas.
Você também pode
trazer a consciência de ida e pingala em qualquer prática de asanas, fazendo
uma pausa entre as poturass para perceber que nadi domina sua respiração. Observe
os estados da sua mente , bem como, você vai descobrir que eles estão intimamente
correlacionados com qual nadi é ascendente. Você está agitado e ativo ( pingala
dominante) ou calmo e receptivo ( ida -dominante) . Através deste processo de check-in, você pode
começar a identificar qual postura ativa
uma nadi ou a outra, e quais são particularmente eficazes para você, na criação
do equilíbrio físico e emocional.
Você também estará desenvolvendo sua consciência , aprofundando a sua prática, e abrindo caminho para o seu crescimento espiritual.
Você também estará desenvolvendo sua consciência , aprofundando a sua prática, e abrindo caminho para o seu crescimento espiritual.