10 de out. de 2011


Rotina Diária (Dinacharya)



Segundo o Ayurveda, a disciplina de uma rotina fortalece o nosso organismo e a nossa imunidade. Em algum momento da história, o ser humano se separou da natureza. Vivemos num ritmo antinatural. Nós nos tornamos cada vez mais afastados da natureza. Passamos a trata-la como objeto externo. Investimos num mundo totalmente artificial (comida, relacionamentos, alimentação...). E essa agenda artificial diminui nosso poder de ajustamento do stress. Ficamos perturbados por este estilo de vida.

E em função da vida estressante que levamos, é importante que seja mantida uma rotina saudável para  prevenir o aparecimento das doenças. Este cenário ainda é agravado em cidades onde predominam os climas secos e altas taxas de poluição no ar.

Para aqueles que se submeteram ao tratamento de Panchakarma (ações de desintoxicação) propostos pelo Ayurveda é de extrema importância que sejam adotadas algumas destas medidas preventivas. .

A prática do Dinacharya (rotina diária) pode se tornar um ritual muito prazeroso, desde que praticados com bom-senso e disciplina. Os efeitos são visíveis, tanto na beleza da pele e cabelos, quanto na percepção e eficácia dos órgãos dos sentidos. 

Acordar:

É indicado acordar antes do sol nascer, isso promove paz mental e é refrescante para o corpo.

Ao acordar movimente o corpo e com o coração cheio de amor e alegria agradeça por um novo dia que começa! A gratidão traz um sentimento profundo de bem-estar e paz.

Então é hora de realizar suas limpezas diárias:

Levante e tome um copo de água morna, pode pingar uma gota de limão para desaparecer a náusea que a água pode causar. Esta água tomada pela manhã estimula o peristaltismo intestinal. Tente tomar a água e se encaminhar para o banheiro, isso auxilia o funcionamento do intestino.

Lave o rosto, olhos, narinas e boca.

Olhos: Misture uma colher de chá de Triphala, para uma xícara de água e deixe ferver por 10 minutos, deixe esfriar, coe e lave os olhos com esta decocção. Isso auxilia na limpeza e diminui a irritação nos olhos. Após esta limpeza pingar duas gotas de Ghee com auxilio de um algodão nos olhos ( derreta o Ghee em banho maria e em temperatura ambiente molhe o algodão e pingue nos olhos). A visão se torna mais clara, limpa, sem irritações. Pode realizar esta técnica quando o ar estiver muito seco, os olhos irritados, inflamados,ou 2 vezes ao dia como parte de sua rotina diária.

Narinas: Pra limpeza das narinas é muito bom o Jala Neti , recipiente onde se coloca água filtrada com um pouco de sal, ou soro fisiológico morno.



Um recipiente especial, o lota, é necessário para esta prática. O lota pode ser feito de plástico, metal, louça ou qualquer outro material que não contamine a água. O importante é que a ponta do bico do lota adeque-se confortavelmente à cavidade da narina, de forma a não deixar que a água vaze. A água deve estar na mesma temperatura do corpo e deve ser adicionada uma quantidade de sal na proporção de uma colher de chá por litro de água. A adição de sal assegura que a pressão osmótica da água seja igual à dos líquidos corporais, dessa forma minimizando qualquer irritação à membrana da mucosa nasal. Se for sentida alguma dor durante a prática, pode ser em função da quantidade de sal administrada, por isso o soro fisiológico é uma ótima alternativa.
     
Após realizar o Jala Neti, deve-se pingar duas gotas de óleo de gergelim para lubrificar as narinas. Também pode com o Ghee morno molhar seu dedo mínimo nele e introduzir em uma narina, depois a outra realizando uma leve massagem, rodando o dedo para o sentido horário e anti-horário.

O ideal é realizar esta técnica 2 à 3 vezes por semana,se você tem rinite alérgica, no primeiro mês é aconselhável diariamente, depois volta para recomendação geral.

Ouvidos: Gotas de óleo nos ouvidos (Karnapurana):  Condições, tais como zumbido nos ouvidos, cera de ouvido em excesso, problemas de audição, são todos devido ao aumento do dosha Vata nos ouvidos.  

Colocar 5 gotas de óleo de gergelim morno em cada orelha pode ajudar esses transtornos.

Boca: Escovar os dentes para remover todas as impurezas da região, prevenindo doenças da boca e gengivas. Pós medicinais como a Triphala podem ser usados para esta higienização. A limpeza da língua é muito importante para prevenir o mau-hálito e trazer clareza para sua voz. Um instrumento de metal pode ser usado, não são aconselhados raspadores de plásticos, pois são difíceis de higienizar. Se você não possui um raspador de prata ou metal, como alternativa pode usar uma colher e raspar suavemente a língua com o lado côncavo. A saburra, ou seja, o produto final obtido com a raspagem é um indicativo de como vai a saúde e vitalidade dos nossos orgãos. 

É recomendável a realização de gargarejos com óleos medicinais. No Ayurveda esta técnica é chamada Kabala, isto é, mover o líquido medicinal dentro da boca. Pode ser usada água morna para remover o excesso de Kapha e outras impurezas. Ou óleo de gergelim para melhorar a força da voz e dos dentes, prevenindo as cáries e dores de dente, e também com mel para curar as aftas.

Banho: Assim chegou a hora do seu banho, o banho nos deixa limpo para um novo dia , restaura o equilíbrio e relaxa. A água fria refresca e limpa corpo e mente, aumentando o Agni. A água quente nunca deve ser aplicada na cabeça, sempre do pescoço para baixo, pois não é saudável para os olhos e cabelos.

Aplicação de óleo no corpo (auto-abhyanga): A utilização de óleo no corpo relaxa, pacifica vata, ou seja, estados de ansiedade, traz ânimo, longevidade, nutre e dá brilho a pele. Aqueça o óleo em banho maria , e passe por todo o corpo, na direção dos pelos, céfalo-podal.

Todo ser humano precisa receber óleo no corpo. O óleo é o melhor medicamento para pacificar Vata. O equilíbrio de Vata é fundamental para se ter saúde. Vata é o dosha que se desequilibra com mais facilidade.

Na medida em que o tempo passa, iremos aumentando Vata no corpo.

Além disso os benefícios obtidos são:

Flexibilidade às articulações;
Torna firme a musculatura;
Os movimentos do corpo ficam livres; 
Melhora a circulação do corpo;
Melhora a eliminação dos Malas (excretas);
Produz relaxamento. 

Deixe agir (penetrar) o óleo por alguns minutos, este é um bom momento para a sua prática diária de yoga, com o óleo ainda no corpo! A prática de ásanas e pranayamas são a chave para um corpo e mente saudáveis.

Se sentir necessidade, tomar uma ducha rápida somente para tirar o excesso de óleo do corpo.

Óleos mais indicados:

Para Vata: Óleo de gergelim quente
Para Pita: Girassol ou óleo de coco mornos
Para Kapha: Girassol ou mostarda quentes

Satvritha (Ética para a vida): Saúde e felicidade dependem de uma atitude também mental. Realize todos os seus deveres de acordo com seu dharma (consciência de justiça) é uma parte muito importante da sua rotina diária. Porque felicidade é impossível sem o Dharma. Compaixão, caridade e educação trazem paz e calma para a mente. "Ahimsa" – não prejudicar outros seres humanos fisicamente ou mentalmente é considerado a parte mais importante do Dharma.

Segundo Dr.Vasant Lad: "Ayurveda is a Sansckrit word that means "the science of life and longevity." According to this science, every individual is both a creation of cosmic energies and a unique phenomenon, a unique personality. Ayurveda is the art of daily living in harmony with the laws of nature."

Sábias palavras Guruji!




8 de set. de 2011



A experiência de Vrndavana

No último mês de aulas eu havia organizado uma semana de férias; dia 15 de Agosto é o dia da Independência da Índia e é o maior feriado que eles tem no ano. Era uma oportunidade para explorar um novo lugar.

Pensei em diversas opções, Nepal, Butão, Varanasi, Khajuaro, enfim, comecei a listar todos os lugares que gostaria de conhecer e que seria possível financeiramente ir visitar. E exatamente por isso, tive que riscar da lista a opção Nepal/Butão porque sairia muito caro.

Fiquei então com a ideia de ir próximo à Varanasi e de trem ir conhecendo cidades próximas, incluindo Mathura e Vrndavana. Seriam mais ou menos 2 dias para cada cidade. Já havia comprado as passagens aéreas para Delhi e reservado os tickets de trem.

No meio do caminho, aproximadamente duas semanas antes da minha partida, eu conheci aquela família que citei no texto sobre Bhakti Yoga, e a Mataji me desaconselhou fazer esta viagem sozinha, principalmente à Vrndavana, e mais ainda porque havia escolhido fazer esta viagem exatamente no dia da comemoração do aniversário de Krishna, isto é, a cidade estaria uma loucura!!! 

Ela me perguntou se seria possível eu antecipar minha viagem pois eles estariam por lá um pouco antes do feriado, apresentando a cidade ao monge que estava morando com a gente; que na companhia dela seria mais seguro explorar esta região. 

Correria então para mudar tudo, fazer novas reservas, acertar com o diretor do curso se seria possível eu recuperar as aulas, etc. Mas deu tudo certo!

Aproveitei e mandei um email para um contato que um aluno meu de Yoga muito querido havia me passado, de um brasileiro que morava há mais de 13 anos em Vrndavana. Ele havia visitado a cidade e ficou hospedado no templo; super boa indicação! Mandei o email e prontamente fui atendida e convidada a permanecer no templo durante a minha estadia em Vrndavana! Jaya! Krishna já estava fazendo seus arranjos para me proporcionar uma experiência incrível!

Vrndavana fica a aproximadamente 150km de Nova Delhi, a lójistica era voar até lá e depois pegar um trem para Mathura (cidade onde Krishna nasceu) e depois um rickshaw para Vrndavana. Beleza, tudo acertado.

Mas quem conhece bem a Índia sabe que nem tudo são flores, e um local especial como este não seria de tão fácil acesso. Quando cheguei no aerorporto tive a noticia que meu voo havia sido cancelado, e a conexão de Mumbai para Delhi passaria da 00:45 para as 02:30am, isto é, perderia meu trem para Mathura. Bom, embarquei no avião e entreguei a Deus o meu destino, de alguma maneira eu chegaria lá!

Ao pousar em Delhi fui me informar sobre como chegar à Mathura, e me deram duas opção, ônibus ou táxi. O táxi sairia bem mais caro, então o jeito mesmo era tentar encontrar o lugar para pegar este ônibus. Fui parar numa rodoviária a mais ou menos 50km do aeroporto, onde ninguém, juro por Deus nosso Senhor, falava inglês! Era uma sujeira inacreditável, e para ajudar ainda mais, chovia "cântaros" ou seja: MUITO! Ludibriada ou não peguei outro rickshaw; o motorista entendeu para onde eu queria ir, e me falou que eu deveria ir para outra rodoviária, como eu não tinha noção da distância, e na Índia quando eles levam estrangeiros nos tuc-tuc normalmente eles cobram preço fechado, paguei mais ou menos R$15,00, o que é bastante coisa! Mas eu precisava tentar!

Encontramos o ônibus, eu precisei olhar umas duas vezes para entender que aquilo era realmente um ônibus. Sentei no que parecia ser um banco, e com meus quase 1.80m de altura, fiquei com os joelhos colados no peito! E pela distância eu imaginei que aquela tortura duraria no mínimo umas 5horas.

Estava certa, mas para resumir e ir para a parte boa, em umas 6 horas já estava em Vrndavana, no Templo sentanda ao lado do Maharaj, ou Márcio Yaat, o coordenador deste local tão sagrado e especial. Tomei um belo banho para tirar as penas de galinha que estavam grudadas na roupa, vesti meu Sari e mergulhei de peito aberto nesta nova experiência!

Foram 6 dias de muitas conversas, momentos inesquecíveis. Vrndavana realmente não é um lugar para você explorar sozinha (na minha opinião), é um lugar intenso; muito intenso. Maharaj dizia que tudo que é feito ou desejado lá se multiplica em mil! Se você medita, sua meditação atingirá um grau muito mais elevado, se você vocaliza mantras, seus mantras irão refletir muito mais intensamente dentro de você! E é a mais pura verdadade, estava realmente num lugar sagrado e pude sentir uma vibração muito diferente.

São mais de 500 templos espalhados pela cidade, e alguns devotos realizam procissões ao redor da cidade descalços, honrando e respeitando o lugar como se a cidade toda fosse um grande templo. E diferentemente de como eu havia imaginado, os moradores de lá são devotos de Radha, não de Krishna. Por onde você passa vai ouvir alguém gritando: Radhe!Radhe! Hari Bol!!! É incrível!

Conheci templos muito bonitos, e extremamente especiais. Participei de uma cerimonia sagrada (Arati) na beira do Rio Yamuna, foi algo muito emocionante que eu já mais vou esquecer!

Fiz um passei de Bike com o Maharaj e ele me mostrou vilarejos e outros locais menos turísticos, onde pude ver realmente como é a vida de quem mora numa cidade sagrada. O tempo todo cruzamos com devotos das mais diferentes linhas, milhares deles, fazendo suas procisões e adorando seus Deuses. Durante o Kumbha Mela que é um dos maiores festivais religiosos do mundo, os devotos passam por Vrndavana e vão ao encontro do local onde o Ganges, Sarawasti e o Rio Yamuna se encontram. Quem sabe daqui 4 anos não posso estar lá!!!

Aprendi muito, ouvi belas histórias sobre o Bhavagad Gitta, um repertório de passagens lindas, que tanto tem a nos ensinar. Aprendi sobre politica, ética, costumes, cultura e religião através da visão de um devoto que dedicou a sua vida para seguir com trabalho do seu mestre, Srila Bhagavata Bhusana Guru; um grande estudioso e um professor por natureza! Maharaj, muito obrigado por me proporcionar esta viagem incrível, espero que em breve você escreva todas as suas histórias e que possamos divulgar para o mundo todo as experiências mágicas que você viveu! Obrigado por esta oportunidade de me fazer viajar para dentro de mim mesma!

Eu recomendo a quem quiser ter uma experiência totalmente diferente visitar este lugar, mesmo com todo o lixo que vi, toda a sujeira espalhada pela cidade (quem foi pra Agra pode ter uma idéia mais ou menos de como são estes locais) coloque Vrndavana na sua lista de lugares para conhecer antes de morrer, ou de desencarnar, deixar o corpo físico, trocar a dimensão...

Radhe! Radhe!

Seguem algumas fotos deste lugar tão especial!




Pelas ruas...



Vacas e macacos...




Lindo!



Entrada do mercado.




Cerimônia no Rio Yamuna, céu cor de rosa e meu coração transbordando de alegria!




Meu grande amigo, Maharaj! Despedida do Templo, com a proteção do Guru Srila Bhagavata Bhusana; para me acompanhar no retorno à Coimbatore!


19 de ago. de 2011


O quão poderoso é nosso poder de transformação?

O DNA que é formado a partir das células dos nossos pais, desenha a nossa forma mais primitiva.

Durante o desenvolvimento do feto, toda a carga genética vai sendo impressa nas características físicas e também emocionais da criança. Ao nascer temos a ideia de que a vida está apenas se iniciando, tudo é novo!

Mas hoje já sabemos que não é bem assim. Além das informações genéticas trazidas pelos cromossomos dos progenitores, também somos formados pela influência de nossos ancestrais e de vidas anteriores.

O Ayurveda diz que somos o resultado de todos os hábitos praticados por gerações e gerações. Nossa saúde e constituição é o produto de tudo aquilo que foi feito, digerido e vivenciado por varias vidas anteriores. Ao olhar o corpo de alguém, você esta olhando para o passado! Ok, você pode pensar: “Nossa! Isso é injusto; afinal eu não tenho culpa se meus familiares tiveram maus hábitos alimentares durante a passagem deles aqui na terra! Ou mesmo se em vidas anteriores eu fui uma pessoa má, porque eu tenho que pagar isso agora?

Não quero entrar na discussão espírita, ou religiosa, isso já é muito falado e também devidamente discutido por quem realmente entende do assunto. A minha ideia é apresentar o que podemos fazer para nos libertar desta roda de encarnações (Samsara em sânscrito) e não sofrer tanto com todas as influências que estão acima da nossa vontade.

O primeiro passo é procurar um astrólogo (o Ayurveda esta associado com a astrologia védica) que vai apresentar todo o panorama do céu no dia do seu nascimento. Além disso você terá como visualizar todas as influências que regem seus signos e quais os planetas exercem mais força ou tiram a sua força. Com isso já dá para ter uma ideia do nosso Karma, que é o assunto principal deste artigo.

Trazendo novamente a referencia do Ayurveda, o primeiro sloka (versos) do importante compêndio Astanga Hrdayam, diz o seguinte: Obeisances to Apoorna Vaidya (saudações ao raro, único, físico); who has destroyed, without any residue, all the diseases like raga (aquele que destruiu, sem resíduos, todas as doenças como raga_paixão ou desejo). Na sequência ele apresenta mais alguns significados ou componentes de raga como: a ganância, raiva, arrogância, inveja, medo e outras emoções ruins.

E descreve também dois tipo de Karma: Punya e Papa, o bom e o mal Karma respectivamente.

O bom Karma inclui o Dharma (virtudes) que são as ações positivas e os bons pensamentos. Estando mais perto do bom Dharma, podemos também mudar ou atenuar a força do nosso Karma. É por isso que o tratamento para a cura de uma doença não deve levar em consideração apenas a parte física do indiviuo, ou focar apenas nos sintomas externos da doença; e sim, qual o seu Karma e como ele esta agindo; qual o seu comportamento e padrão mental (gunas). Esta é a grande diferença entre o Ayurveda e a medicina tradicional.

Mais um motivo para se aproximar de técnicas como o Yoga e a meditação; que vão lhe auxiliar no processo do auto-conhecimento. As técnicas são como guias, que conduzem a uma jornada interna. Nos ajudam a perceber os padrões viciados do nosso comportamento. Como eu sempre digo, você pode fazer um belo tratamento ayurvédico, ficar bem “limpinho” mas se você não mantiver uma prática espiritual adequada e disciplinada, tudo que está na raiz do seu Karma uma hora ou outra virá a tona, e você vai esquecer de tudo que aprendeu e voltar aos velhos hábitos, tanto físicos quanto mentais!

Este grande físico citado no sloka, é Dhanwantarie, aquele que tem o poder de remover os maus Karmas e purificar o corpo. O veiculo para esta purificação, ou seja, o caminho para entrar em conexão com Ele e remover esta tendência, é através dos mantras! A vocalização regular dos mantras nos aproxima do divino. Cria um ambiente interno de paz e de silêncio, todo mundo pode se beneficiar: não tem preço, não precisa pegar o carro nem pagar estacionamento! De tão simples a gente chega até a duvidar se ele é realmente efetivo! Mas só quem o pratica pode ter ideia do poder de transformação dos mantras.

Se você não esta habituado ao sânscrito ou não conhece nenhum mantra, simplismente vocalize o mantra OM. Sente-se numa posição confortável e mentalmente repita o mantra, uma vez na inspiração e outra na exalação. Procure estabelecer uma prática diária, vocalizando sempre o mesmo número de vezes sem interrupções, de manhã e a noite. Num segundo momento, com a ajuda de um profissional da astrologia, é possível fazer os mantras de cada planeta, ajudando a atenuar ou fortalecendo os efeitos dos mesmos. Aos terapeutas de Ayurveda ou mesmo quem está se submentendo a qualquer tratamento, o mais indicado é fazer o mantra à Lord Dhanwantarie.

Mangalam! Rezar para Deus, pedir proteção contra todos os bloqueios!

Então, que possamos expandir nossa consciência e ver o quão importante são estas práticas. Procure estar sempre próximo de pessoas boas, nutrir-se com alimentos frescos, não cultivar a inveja, a arrogância, o medo e a raiva. Afastando-se dos pensamentos negativos, drogas, e ambientes com baixa vibração.

Cito uma frase que recentemente ouvi e foi muito esclarecedora:
“Se você não acredita em Deus, a única certeza que você  tem é a da morte. A escolha é sua, se quiser ficar perto de Deus ou mais perto da morte!”

Namaskar


4 de ago. de 2011

A mulher na Índia, é feliz?

Dando sequência as minhas análises iniciadas pelo facebook, sobre as profundas e interessantes conversas sobre sexualidade com minha professora de sânscrito, achei bacana escrever e colocar em pauta um pouco mais sobre este "choque cultural" que estou vivenciando por aqui! Agradeço ao meu amigo João Luís pela sugestão, e todos aqueles que me acompanham por esta vida tão maluca!

Quando falamos em cultura e hábitos de vida, já temos uma ideia pré-estabelecida de como os povos se relacionam com os mais diferentes aspectos da vida. Quando falamos de Oriente, e no caso Índia, a imagem que nos vem a cabeça é de uma sociedade extremamente reguladora, onde a mulher é vista apenas como um ser a serviço do homem e da casa. Sem direitos, mas cheia de deveres. Fica realmente difícil de imaginar se estas mulheres são realmente felizes.

A elas não é dado o direito de escolher o marido, no caso dos casamentos arranjados (que ainda são em maioria por aqui, principalmente no Sul que é uma região mais conservadora) quem escolhe o pretendente é a família, de acordo com os valores e qualidades que eles acham importante que o futuro noivo deva ter.

E o casamento é visto por muitas mulheres como uma meta a ser seguida. Tenho lido diversas publicações regionais; revistas que cumprem o mesmo papel da nossa conhecida Revista Nova, que fala mais abertamente sobre sexualidade e assuntos do universo feminino, e estas revistas valorizam muito a união matrimonial. Existem seções dedicas as leitores onde histórias de amor, de heroísmo dos seus homens são contadas as outras mulheres, que sonham e almejam pelo grande dia do casamento.

Elas estudam, são preparadas pela família para se tornarem mulheres inteligentes e interessantes. Ai, chega um dado momento em que elas desistem da carreira, muitas vezes extremamente bem sucedidas, e partem para este novo desafio em suas vidas. Felizmente hoje, existem algumas famílias que aceitam os "Love Marriages" onde a menina tem um namorado e futuramente se casa com ele; ou mesmo tem a opção de adiarem seus planos para dedicar mais tempo as suas carreiras. Mas ainda são em minoria por aqui!

No geral, a partir do momento em que o casamento acontece, uma nova etapa se inicia. A construção da família. Esta etapa é também vista de uma maneira bem diferente do que estamos acostumados a ver. Hoje em dia, a mulher busca se equiparar com os homens, tendo as mesmas oportunidades profissionais, os mesmos salários, enfim. Aqui, a base da casa é homem, ele é a coluna estrutural da famila. O responsável por manter a honra e o nome da familia perante a sociedade.

Fiquei muito impressionada, quando dias atrás estava lendo no jornal uma história sobre uma família aqui de Coimbatore, que havia desaparecido. Dias depois eles encontram na casa um bilhete escrito pelo pai, onde ele explicava que estava com muita vergonha pois ele havia feito muitas dividas e não tinha dinheiro para pagar. Pessoas estavam o cobrando pelo pagamento! Por não conseguir aguentar mais esta situação, ele fugiu com toda a familia para um outro local onde ele iria tirar a sua vida, da esposa e dos dois filhos pequenos, pois com tanta desonra era impossível continuar vivendo. Como ele iria encarar seus amigos e seus familiares?

Isso é algo comum por aqui, segundo meus professores, a cada ano mais de 30 casos como este são noticiados!

Mas, fazendo um link com o tema principal do texto, será que a mulher aqui é feliz?

Eu diria que sim, pois tudo é baseado na familia! E não tem amor maior no mundo do que o amor que sentimos pelos filhos e pelo homem que passa a vida toda procurando trazer o oferecer o que há de melhor no mundo para a sua esposa. A mulher, diferentemente do que pensamos, é vista como uma Deusa, a responsável por manter a energia do lar. E isso não é menosprezar ninguém não! Aqui, elas dizem: primeiro o casamento, e depois o amor! Ou seja, o amor vai sendo construído aos poucos, a cada dia! As familias são extremamente unidas! As mães são muito, mas muito carinhosas e afetivas com seus filhos (eles amam bebês). E para tudo existe um ritual, uma cerimonia; na minha opinião estes rituais são o que sacralizam a cultura. Quando fazemos um ritual, algo esta sendo marcado! E isso é eterno.

Outro ponto interessante é sobre o divórcio. Aqui a mulher tem total direito de se divorciar se ela comprovar que o marido a trata mal, com violência ou é adepto do uso de álcool. Sim existem delegacias especializadas nos direitos da mulher! Um dia, fui visitar a casa de familia e uma grande confusão estava acontecendo, era gente gritando pra todo lado! Uma mulher, que morava na cercania, havia se casado a alguns dias, e o marido resolveu sair e encher a cara. Resultado, no dia seguinte ela foi à polícia e havia pedido o divórcio! Desonra, sim, mas para o pudim de cachaça que trocou a mulher pela boêmia!

Continuando: O sexo também não é o mais importante, muitas vezes ele é visto apenas como um meio para a reprodução, para ter filhos. Perdas e ganhos não é mesmo? Afinal, se não passássemos tanto tempo da nossa vida preocupados com o prazer sensorial, com os prazeres da carne, sobraria muito mais tempo para outras coisas não é? A união entre homem e mulher é algo além do carnal, é união de almas. A gente não vê por aqui casais de mãos dadas, demonstrando afeto em lugares públicos; isso é algo reservado somente para os momentos de intimidade, e a gente vê casais tão afetivos, que adoram valorizar o sexo e a grande química que rola, mas no fundo eles não tem a mínima intimidade! Não são capazes de conversar e se entender!

Então amigos, sem sombra de dúvida eu digo que a mulher é feliz aqui sim! De uma maneira diferente, não aos nossos olhos ocidentais! Afinal, em que religião existe, tantas Deusas quanto no hinduísmo? Tantas mulheres adoradas e abençoadas.

Pobre Maria Madalena, tão apedrejada e criticada pelos costumes cristãos...

É isso aí, temos muito, mas muito o que aprender com os indianos....Namaste! :)



30 de jul. de 2011



Bhakti Yoga


Quero compartilhar com vocês um pouco do que estou aprendendo e vivenciando sobre a cultura e os rituais hinduístas. Mesmo antes de visitar pela primeira vez a Índia (em Abril de 2009), sempre me identifiquei e procurei entender o significado dos rituais e de que forma eu poderia incluir este tão sagrado momento na minha vida, e qual era o sentido de tudo isso! O yoga me aproximou desta cultura e foram os meus primeiros passos dentro desta nova concepção de corpo e mente. Entendi que era preciso alimentar e nutrir estes dois mundos (Yoga = união).

Não posso dizer que finalmente algo aconteceu, mas obtive algumas graças.


Embora eu tenha criado este blog para contar todas as minhas experiências, não vou dizer exatamente tudo que aconteceu, pois faz parte de um universo muito particular. Mas o que eu posso falar é que finalmente eu encontrei a estrada certa, uma direção. Encontrei um caminho que me levou  à consciência de Krishna (por favor aguardem mais textos específicos sobre este assunto) mas o papo aqui é sobre a conexão com o mais elevado grau de devoção. E tudo esta acontecendo de uma maneira muito natural e sincrônica.


Tudo começou, há mais ou menos duas semanas atrás quando recebemos um novo morador aqui no apartamento. Ele é monge Hare Krishna (bramacharia) esta fazendo diversos tratamentos para um problema bem grave nas articulações, o hospital está lotado de pacientes, então tiveram que alojar ele aqui no quarto que estava vago. O problema dele é muito sério, ele tem artrite reumatóide num estado muito avançado; os calcanhares dele estão tão inchados que ele não consegue mais se locomover. Quem o trouxe para cá foi uma família residente da Látvia (norte da europa) que são membros e coordenadores do Iskcon templo de lá. A mãe foi a primeira a chegar, pois ela é médica ayurvedica e também estava fazendo algumas aulas no AVP (minha escola).


Quando tivemos a oportunidade de conversar, ficamos praticamente 3 horas sem nem beber água, de tanto assunto, tanta troca que aconteceu. Sempre tive curiosidade em saber e entender mais sobre os Hare Krishnas. Me lembrei de todas as vezes que estava lá, vocalizando o mantra sem entender direito o sentido de tudo isso. Ela me levou no Iskcon templo aqui de Coimbatore, e carinhosamente me explicou exatamente como devo me portar e o significado de cada imagem, cada pooja, cada mantra.  E me indicou algumas leituras que me ajudariam a entender melhor como tudo funciona. A base são os Vedas (leitura e interpretação dos Upanishads) entre outras tantas referências. O principal livro, logicamente é o Bhagavad-Gita.

Ao planejar esta minha atual viagem à Índia, mais uma vez eu pedi que uma luz me fosse enviada, que aqui eu pudesse, no berço desta civilização, entender o que eu estava procurando. Não queria respostas rápidas, queria sentir, apenas isso! Além do racional, além do impulso que tantas vezes me levou para tantos lugares diferentes. Queria deixar acontecer, não procurei por este encontro, sabia que na hora certa ele chegaria. E que, principalmente que eu estaria pronta para ele! Há poucos dias terminei de compor o meu altar, selecionei a imagem que eu quero me identificar e oferecer meus mantras e orações. Foi um momento muito especial, onde tudo ficou claro, finalmente fez sentido! Hare Krishna! Prazer em revê-lo!


Vou explicar um pouco como tudo funciona, para quem quiser ter o seu também:


No meu altar (foto acima) está a imagem de Krishna, com uma coroa de flores de jasmim  (que deixam um delicioso perfume no ar); e duas lâmpadas. As lâmpadas são sempre acendidas em dois momentos do dia. Momentos estes em que nos colocamos frente ao altar para entoar os mantras e praticar a meditação. O primeiro se dá antes do sol nascer, acendemos a lâmpada para trazer mais luz ao novo dia; o segundo momento é ao entardecer, quando o sol já se pôs, acendemos novamente a lâmpada para manter a luz dentro de nossa casa (muitas cidades aqui da Índia não possuem luz elétrica). Para acende-la usamos óleo de gergelim ou ghee. Com um pedaço de algodão, acende a pontinha e enquanto o óleo estiver na lâmpada, haverá luz. Os pós (vermelho e amarelo) são para fazer marcas na testa e no pescoço: na testa é proteção para o devoto, e no pescoço para a família do devoto. Se a mulher é casada, ela faz uma marca em vermelho no topo da cabeça para pedir proteção ao marido.

Podemos colocar ao redor da lâmpada, algumas flores, que enquanto vocalizamos os mantras vão sendo jogadas no pratinho onde fica a lâmpada. Qualquer oferenda é bem vinda! Colares, pulseiras, frutas, incensos..tudo para agradar ao seu Deus. Podemos também colocar mais imagens, estátuas, tudo aquilo que de alguma forma faça sentindo de estar ali presente. Até mesmo fotos de pessoas queridas ou de nossos ancestrais! Enfim, o que vale mesmo é a atidude de respeito e austeridade (rigor da disciplina).

Por fim, é procurar sempre tomar um banho ou lavar o corpo antes de fazer este ritual. Existem uma série de rotinas descritas nos textos clássicos de como fazer este pooja (oferenda), mas aqui estou passando uma idéia mais básica,  algo simples que pode ser feito em casa! Ah, uma última coisa, o altar deve estar num lugar alto (no meu quarto não foi possível, mas o que vale é improvisar) nunca colocar as imagens no chão! E manter tudo sempre limpo e perfumado! Sentar-se com os pés cobertos e nunca colocar os mesmos na direção das imagens!


Em resumo, o que eu desejo a vocês é que possamos de alguma forma nos conectar com uma energia superior, a energia do divino. Dando menos valor aos prazeres que só satisfazem os sentidos. Que busquemos uma vida plena e feliz! Que busquemos esta constante de felicidade!


"Que possamos ser únicos e divinos na nossa essência"


Namaste!
(o meu Deus interior, saúda o Deus que habita em ti).


14 de jul. de 2011



Especiarias para ajudar os Kaphas neste inverno.

Para começo de conversa, vamos entender rapidamente o que são dos Doshas, princípios biológicos fundamentais do Ayurveda.

Como falei anteriormente, tudo que existe no universo é composto pelos 5 elementos (Pancha Mahabhutas) que são: espaço (Akasha), ar (Vayu), fogo (Agni), água (Jala) e terra (Prithvi). A matéria é composta da combinação destes elementos, em diferentes proporções. Podemos perceber substâncias mais densas e mais leves.

Um exemplo fácil para entender são as frutas: a banana tem mais quantidade do elemento terra que a uva, que tem em sua composição mais do elemento água. Alimentos feitos a partir de farinha, como pães, massas e bolos, são mais pesados que os legumes e vegetais, que em sua maioria contem mais água e ar na sua composição. Além disso, outra caracteristica muito importante das substancias é a sua potencia;  transmitir calor ou frio quando em interação com o nosso corpo.

Tudo no Ayurveda é baseado neste balanço entre: frio e quente, sol (surya) e lua (chandra), noite e dia.  É um conceito bem lógico, mas que rege todos os princípios terapêuticos desta prática.

Os doshas são as forças funcionais do corpo, e são responsáveis por todos os processos que mantém a vida. A palavra dosha tem o significado de impureza, pois quando existe um desequilibrio destas forças, o resultado são o aparecimento das doenças. Existem três doshas: Vata, Pitta e Kapha.

Vata é formado por ar e espaço, Pitta por fogo e água e Kapha por água e terra. Estes três doshas quando em equilíbrio trazem saúde ao corpo. Mas vamos nos concentrar no dosha Kapha quando está em desequilibrio!

Por ser formado por água e terra, já conseguimos entender que suas qualidades são: pesado (guru), estático(sthira), macio (slakshna), olesoso(snigha), denso (sandra) e frio (seeta); caracteristicas da água e da terra. Transfira isso para o corpo, e você conseguirá entender estas propriedades associadas com a nossa fisiologia. Precisamos de terra para o crescimento do nosso corpo e para nos mantermos eretos. Estrutura, densidade. Precisamos de água para nutrir os tecidos e manter as articulações lubrificadas; óleo, maciez! Enfim, isto representa Kapha no corpo, e cada individuo terá em sua composição corporal diferentes quantidades deste dosha, mas todos nós temos ele presente. O sitio, ou seja, a casa onde mora este elemento no corpo é a parte alta (peito e cabeça).

Quando em desequilíbrio, ou seja, quando temos um aumento deste elemento no corpo (Vridhi), todas estas caracteristicas vão estar agravadas. Sentiremos sensação de peso e dores de cabeça, fadiga, aumento de muco, nariz escorrendo, desconforto na garganta, etc. Os sintomas, inicialmente são sempre sentidos no seu próprio sitio!

Como eu disse Kapha é frio! E nas temperaturas frias ele naturalmente se agrava. Resultando nos famosos resfriados. Vou escrever aqui algumas dicas que o Ayurveda nos trás para evitar que este dosha se acumule ainda mais, e também o que podemos usar para aliviar estes sintomas:

- Durante esta estação, evite comer comidas muito pesadas, gordurosas e de difícil digestão, isso só vai aumentar a sensação de peso no corpo; evite refeições frias (saladas) ou alimentos crus.

- Respeite os horários e se alimente entre 6:00 e 18:00hs. Evite comer muito a noite;


- Não durma durante o dia;

- Prefira os sabores punjentes (especiarias picantes), amargos e comidas quentes. Evite doces, alimentos muito salgados e azedos;

- Abuse de especiarias como: cardamomo, cumimho, cúrcuma, asafétida, canela, gengibre, pimenta preta e semente de mostarda; elas podem ser usadas nos chás e no preparo das refeições;

- O mel pode ser usado, pois ele ajuda a reduzir Kapha. Embora de sabor doce, dentro do corpo ele tem uma outra potencia (Vipaka; veremos isso mais adiante) que ajuda a secar o Kapha e reduzir o muco. Mas fique muito atento com a qualidade do mel! Deve ser 100% puro, sem adição de melados ou açucares, pois isto pode causar aumento de kapha, constipação intestinal e produção de toxinas! Um verdadeiro veneno!

- Limão: Esta é uma boa polêmica! Nossa avó dizia que limão é bom para curar o resfriado pois contém vitamina C. Ok, mas na visão do Ayurveda não é bem assim! Limão é azedo (Amla),o que aumenta o dosha Kapha e também Pitta (fogo e água). Ele tem a propriedade de ser adstringente, e limpar o trato respiratório e remover o muco, ok! Mas isso só faz aumentar a chance de infecções e produzir mais muco, ou seja, não ajuda em nada no resfriado! Uma boa fonte de vitamina C é o romã, use a fruta fresca ou sucos.

Anote aí uma receitinha ayurvédica para os Kaphas aliviarem os sintomas do resfriado e aquela dorzinha chata na garganta:

Ingredientes:

600ml de água
1 col chá de pimenta preta em pó
3 col de sopa de açucar mascavo
1/2 raíz de genbibre seco
1 col de chá de cominho (seco ou fresco)

Pode acrescentar um punhado de folhas de Tulassi (no brasil é conhecido como manjerição de folha larga, remédio do vaqueiro) amasse as folhas e coloca para ferver junto com os outros ingredientes, se não tiver as folhas tudo bem!

Para aqueles que tem bastante Kapha em sua constituição podem colocar uma colher de sopa de café para ferver junto, que ajuda a melhorar o sabor e também reduz Kapha, mas tome somente 1x ao dia com o café!

Deixar ferver por 10 a 15 minutos e filtre. Tome 3x ao dia!

Um grande beijo a todos!
Namaste!

13 de jul. de 2011


Kati Basthi: Tratamentos localizados para dor.

Um segundo grupo de tratamentos que quero apresentar para vocês, são os tratamentos localizados. São aplicações de óleo medicado em uma articulação que esta sofrendo por falta de lubrificação. Quando sentimos  dor ou dificuldade de movimentar uma articulação, uma causa muito comum é a secura do liquido responsável por lubrificar e manter os tecidos conectivos saudáveis e em bom funcionamento.

Segundo o Ayurveda, estes problemas estão relacionados com o elemento AR, que por diversas razões está aumentado dentro do corpo, seja por consequencia de alguma doença, falta ou excesso de uso de uma articulação, ou pelo próprio envelhecimento. Outra causa também apresentada, são os excessos de toxinas (AMA) que impedem  fluxo deste AR, bloqueando os canais por onde ele deveria circular. Ao ser impedido de manter o seu fluxo normal, o ar se acumula e entra em contato com um tecido, causando secura e falta de lubrificação. Uma grande parte dos tratamentos utilizados são para promover a oleação do corpo, seja internamente ou externamente; para devolver a elasticidade e nutrição destes tecidos. Em conjunto, se faz uso dos tratamentos de purificação, que removem as toxinas limpando e desobstruindo os canais de ar  (prana ou energia vital).

Devemos pensar no nosso corpo como uma máquina, que rotineiramente precisa de reparos! Somos feitos de engrenagens e sistemas de encaixe muito delicados, por isso precisamos estar atento as suas necessidades! 

Vamos ao tramento!
A foto acima mostra um tratamento especifico para dores lombares, o procedimento é feito da seguinte maneira:

Um mistura de farinha integral e água para fazer a massa;
Moldar em formato circular e aplicar na região a ser tratatada (pode ser qualquer articulação);
Aquecer o óleo medicado com propriedades para pacificar o dosha Vata (responsável pelo aumento de ar no corpo), e aos poucos ir preenchendo o espaço com óleo.
Manter o óleo sempre aquecido e trocar quando necessário.

Manter por no mínimo 30 a 45 minutos, fazer por no mínimo 3 vezes, e acompanhar a evolução.

Depois de retirar a massa, fazer uma massagem local.

Caso o procedimento seja feito com a massagem no corpo todo, primeiro faz a massagem e depois o Basti.

Pode ser feito com óleo de gergelim, ou algum outro óleo com propriedades nutritivas. Os óleos mais utilizados no Ayurveda são:

Sahacharadi Thailam: Indicado para problemas do dosha Vata e dores em geral.
Karpooradi Thailam (Cânfora): Alivio rápido da dor, bom para casos agudos.
Balaswagandhi Thailam: Para fraqueza e falta de nutrição ou contraturas musculares.

Se o paciente estiver muito fraco pode usar Sahacharadi + Karpooradi juntos!

Namaste!

Receita Buttermilk

500ml de leite integral
250ml de água

Ferver, e quando estiver frio colocar o suco de um limão
Deixe descansar por uma noite e no dia seguinte use um misturador (ou mixer para os mais descolados) e retire toda a gordura que se formar nas bordas.

Está pronto uma saudável e deliciosa bebida! Ajuda a esfriar o corpo no calor e pode ser usado em diversas receitas, pois confere mais leveza a pães e massas. É mais fácil de digerir do que o leite comum, possui menos gordura, alto teor de potássio, vitamina B12, Cálcio, Riboflavina, e também uma boa fonte de fósforo!

Namaste!

De cuca fresca! Siro Leepam!

Já era hora de contar para vocês um pouquinho mais sobre os tratamentos que estou aprendendo aqui na Índia! Como todos já sabem estou fazendo uma especialização em Ayurveda e Pancha Karma (tratamentos de purificação) por três meses na Arsha Vidya Yoga, reconhecida e muito conceituada escola de Ayurveda no Sul da Índia.

O Ayurveda é uma ciência milenar, praticada há mais de 5 mil anos, ou seja por várias gerações este conhecimento foi transmitido; e como todo o pratrimônio histórico da Índia, muito bem preservado. Este sistema milenar de cura, reconhece o corpo como um universo particular, composto pelo 5 elementos (espaço, ar, terra, fogo e água) e a partir desta combinação é criada a vida e todas as formas de matéria existentes no planeta. Atráves da regulação destes elementos dentro do nosso corpo, estaremos saudáveis ou mais propensos a desenvolver doenças. Por isso, alimentação, hábitos saudáveis e estilo de vida são fundamentais para garantir este equilíbrio.

Vou falar um pouco mais nos próximos textos, mas a ideia fundamental que deve ser entendida é esta lógica: buscar o equilíbrio destes elementos! O grande diferencial, é que para se alcançar este estado, se faz uso dos próprios elementos. Estudamos as qualidade e as mais diversas caracteristicas de tudo que está presente na natureza; e o produto final são remédios compostos 100% de base natural, sem aditivos químicos, decocções de ervas, óleos medicados, e uma infinidade de tesouros que podem ser usados para as mais diversas finalidades.

Siro Leepam/ Thala Pothil (foto acima):

Este tratamento é indicado nos casos onde se tem muito fogo (dosha Pitta..explico mais adiante para não complicar demais..rsrsr) ou seja é um tratamento para esfriar o corpo, regular a temperatura interna. Quando se tem aumento de temperatura muitos problemas são observados, desde a dificuldade de dormir (casos crônicos de insônia), raiva e agressividade. Como em casos que se tem muita terra (dosha Kapha) e se percebe sintomas de fadiga, cansaço, estagnação e depressão.

É feita uma pasta com uma fruta chamada Amlaki (faz parte da famosa Triphala), esta fruta é utilizada desidratada e cozida com 900ml de Butter Milk (passarei a receita). A partir deste cozimento, se faz uma pasta e aplica ao redor da cabeça. Abhyanga (oleação do corpo) é recomendado antes de iniciar o Siro Leepam. 

É feito um buraco nesta massa onde será colocado o óleo, que contém ervas que produzem o resfriamento do corpo; a cabeça é coberta por uma folha de bananeira, mas apenas para não deixar a pasta cair, pode ser substituída por um tecido bem fino. Uma massagem no pescoço e ombros é bem vinda a cada 10minutos para evitar o desconforto e rigidez nos músculos.  

Permanecer por 45min a 1hora. Retirar tudo com muito cuidado, tomar um banho morno e descansar. Não se expor ao vento, frio ou calor extremo.

Eu me senti muito bem após este tratamento. É engraçado como aquela expressão: "Não esquenta a cabeça" é ayurvedica!!! Porque fiquei em um estado de muita paz e serenidade! E fora que tive uma bela e revigorante noite de sono, sem acordar nenhuma vez!!!

São as maravilhas do Ayurveda ajudando a nossa saúde! Já estou fazendo um pequeno estoque de todas as ervas e óleos da farmácia do hospital para usar aí no Brasil!!!

Um grande beijo a todos, e mantenham a cuca fresca!!! Sempre!!!



29 de jun. de 2011


Dharmo Rakshati, Rashita:
(proteja seu dharma, e o dharma irá te protejer).

Bem amigos, vou contar para vocês uma história impressionante que aconteceu comigo dias atrás.

Desde que cheguei na Índia fui dominada por um forte sentimento de dor e tristeza pela pobreza; pessoas doentes pedindo dinheiro pelas ruas e muitos animais abandonados, sem ter onde beber água num calor de mais de 45graus!

Por um momento eu pensei que era sensível demais para poder conviver e lidar com este tipo de situação; não que eu não veja isso acontecer no Brasil, mas é que vivendo aqui, andando diariamente pelas ruas, e é claro, já sensibilizada por todo o contexto de estar num lugar como este, pensei que seria demais pra mim, que não iria aguentar, ou que então, precisava fazer alguma coisa, mesmo que muito pequena.

Sai por aí, durante as tardes tentando deixar um potinho com água para os cães próximo do hospital, eles tem muito medo de gente, pois devem estar mais habituados a alguém chegar para fazer algum mal, do que bem, e também levar algumas sobras das nossas refeições, que não temos como guardar porque não temos refrigerador.

Na volta da escola, indo para casa, eu estava com um potinho de comida com uma mistura de abóbora e batata, mas em todo o trajeto que fiz pela manhã não havia encontrado nenhum animal (parece mentira, mas quando a gente tem comida as vezes não encontra); e fui para a aula com o pote na bolsa. Na volta, ao passar por um lixão, eu e meus colegas nos deparamos com esta cachorrinha, chorando muito forte, abandonada no meio do lixo; coberta de sujeira e moscas ao redor. Ela chorava muito de fome!

Eu neste momento, só consegui sentar no chão e começar a chorar! Porque fiquei muito triste ao ver esta cena, a sorte que estava com o potinho de comida e consegui dar alguns pedacinhos de batata para ela comer, e compramos leite também!

Bom, e agora? Eu moro no Brasil? Como vou fazer? Deixar ela aqui sozinha? Ela não tem como sobreviver nas ruas, é muito pequena! Perguntei para algumas pessoas que moravam perto deste local, mas elas não queriam nem saber! Eu entendo, é complicado, é mais um gasto para eles! Comecei a ficar bem preocupada!

Enrolei a cachorrinha num cobertor e aos prantos levei ela para o hospital, pensando que com muita sorte alguém poderia se interessar e ficar com ela! Mas eu sabia que seria muito difícil, pois a pobreza aqui é um grande problema, e eles não querem animais para ter que gastar mais dinheiro! Seria uma missão impossível! Mas não poderia ter deixado a cachorrinha no lixo! Confiei em Deus, e levei ela comigo!

Chegando no hospital (lugar que é totalmente proibido a presença de animais), mostrei a pequena para os meninos que trabalham lá! Ninguém se interessou! Todos foram muito carinhosos, mas entendi a expressão e sentimento de que seria muito complicado para eles, muitos moram em outras cidades e passam a semana ali trabalhando!

Até que um deles ao ver meu desespero disse que ficaria com ela, que levaria ela para casa! Nossa, eu fiquei tão feliz, mas tão feliz que não sabia como agradecer! Dei um dinheiro a ele e comprei 7kilos de ração! Porque eu sei que é complicado para eles gastarem com isso! Fiquei muito feliz e agradecida por este gesto! Viva!!!

No dia seguinte voltei lá, e ela estava limpinha e muito feliz esperando ir para a casa nova!!! Até com uma correntinha no pescoço! O menino disse que levaria ela para a casa dele no final da semana! Beleza né, era só esperar!

Mas o tempo passou e nada da cachorrinha sair de lá, e acredito que depois de um tempo ele parou de dar leite para ela, e a ração que eu comprei, mesmo sendo para filhotes era muito grande para ela mastigar! Então, todo o dia antes da aula eu levava leite e deixava a raçãozinha de molho e dava na boca dela no final da aula! Dias depois soube pela minha professora que o menino havia desistido de ficar com ela! Pânico! Ela não poderia ficar mais no hospital porque pacientes estavam para chegar! O que fazer?!!?

A sorte é que minha professora é um anjo, se preocupou com a história e conseguiu que ela fosse adotada por uma família que mora ao lado do hospital! O filho deles, um menino de 6 anos, todo dia ia lá no portão brincar com a cachorrinha, e minha professora perguntou se ele não queria ficar com ela! Ele perguntou para seus pais, se tudo bem (até saber a resposta vocês já imaginam como eu fiquei), e hoje ele foi busca-la! A parte ruim é que eu não estava lá para me despedir, mas sei que de alguma forma ela sempre vai lembrar de mim!

História com final feliz! Sei que não podemos salvar todos os bichinhos do mundo, por mais que a gente queira muito! Mas cada história como essa só preenche nosso coração de alegria e esperança! Seja em qualquer lugar do mundo! Meus parabéns a quem dedica a sua vida neste trabalho tão bonito de adoção de animais! Que a luz continue iluminando a vida de todos vocês!

Faça sempre aquilo que lhe parece bom! E seu dharma irá te protejer! Boas ações são como um escudo de proteção!

Segue as fotinhos desta fofa para vocês comemorarem comigo! Antes de depois!

Agora já deve estar na casinha nova brincando com seu novo amigo!








Final Feliz! :)










19 de jun. de 2011

Galeria de Bhayoga

DSC01216DSC01217DSC01269DSC01268DSC01259DSC01252
DSC01250DSC01243DSC01237DSC01234DSC01233DSC01229
DSC01227DSC01221DSC01218DSC01275DSC01313DSC01314
DSC01312DSC01307DSC01301DSC01300DSC01297DSC01296

Mais fotos pelo Flickr!



Boa sorte!

Posso dizer que tive muita sorte desde que cheguei na Índia, conheci pessoas muito especiais. Aqui apresento meus dois parceiros de curso, aulas e viagens. Dui e Larrisa. Ambos da Europa, Larissa é de Luxemburgo, uma cidade de aproximadamente 500mil habitantes e Dui é de Bruxelas, mas ambos são cidãdões do mundo! Uma hora em cada lugar!

Larrisa quase nunca fica em Luxemburgo, está na Índia desde fevereiro e esta é quinta vez que ela vem ao país, estudante de antropologia, esta agora dedicada ao estudo de Ayurveda e do Yoga, tem apenas 24 anos mas muita maturidade. Já sabe o que quer, está decidida a voltar mais vezes a Índia e se aprofundar cada vez mais. Dui era jardineito, formado em Arquitetura, veio passar um ano na Índia, há algum tempo atrás morou na Tailândia, e andou por lugares como Cambodja, Vietnã, Mongólia entre outros lugares que passamos a vida (pelo menos eu...) muito curiosos em conhecer!

Esta troca de experiência está sendo incrível, pois somos de lugares tão diferentes mas pensamos de maneira tão parecida! É claro, no fundo cada um de nós tem um parafusinho a menos (ou a mais...vai saber) por querer viver e ter um aprendizado em lugares tão diferentes e tão distantes daqueles em que nascemos.

Viajar te permite ficar conectado com pessoas tão diferentes, mas com objetivos tão parecidos. Não sei se minha alma é assim tão solta e desprendida quanto a deles; mas mesmo com estas diferenças poder passar estes momentos, esta fase tão especial da minha vida ao lado deles tem sido um grande presente e um belo aprendizado para mim!

Esta foto foi tirada em uma café na região de Ooty, fica entre Kannor e Kallar. É uma região montanhosa, que fica apenas há 90km de distância de Coimbatore mas a temperatura chega a quase 15graus de diferença. Estava sentindo falta do friozinho que está fazendo aí Brasil. Guardem vinho e fundoe pra mim!!!!

Muitas plantações de café e chá, nas famosas montanhas de Nilgiris. Podemos experimentar uma variedade chás orgânicos produzidos e cultivados nestas fazenda! Vistamos também o museu da abelha, um lugar muito especial que cultiva e preserva o patrimonio de uma civilização que vive e se sustenta da venda de mel. O mel é colhido pelas maõs de homens muito corajosos que escalam montanhas extremamente altas para colher este néctar. São chamados Kukumbas, um povo muito pobre, que só agora tem apoio do governo e consegue ganhar um pouco mais pela venda do mel. Para vocês terem uma idéia, 1kg de mel puríssimo, extraído artesanalmente era vendido por R$0,30 a garrafa, e eles levavam semanas para colher e preparar para a venda uma quantidade muito pequena de mel. Muitas vezes de variedades de plantas que só florescem de 12 em 12 anos (eu comprei esse!!!). É impressionante!

Seguem algumas fotos do lugar!


   Gren Tea Shop: Uma loja de produtos orgânicos incrível! Na parte de cima é o Museu da Abelha!


   Ooty

   The Nilgirs, plantações de chá e café!

   A cidade, rodeada por montanhas!  

12 de jun. de 2011


Ser terapeuta...

Aqui está uma imagem que achei muito legal! Estas meninas trabalham para o hospital aqui em Coimbatore, como terapeutas de ayurveda. Não sei exatamente por quanto tempo elas estudaram, acredito que muitas acabaram de sair da escola, mas é tão legal ver o quanto elas gostam e se interessam em aprender!

Elas não tem um conhecimento muito profundo sobre a clinica, diagnóstico e objetivos dos tratamentos, elas apenas aplicam nos pacientes que lá estão internados, os tratamentos preparatórios dos Pancha Karmas (cinco ações de desintoxicação).

Mas é muito interessante este contato com elas, porque mesmo não sendo uma troca no plano teórico, trocamos muitas experiências; elas tem muita pratica, muita habilidade e aplicam diversos tratamentos diferente diariamente; sempre com aquele jeito meigo, sorridente e brincalhão!

A minha busca, e a dos meus colegas tenho certeza, é ir muito mais além da aplicação da técnica; precisamos conhecer e entender muito bem o funcionamento do corpo e dos seus sistemas e todos os estágios das doenças, para aplicar o tratamento certo, na dose certa e na hora certa.

Pois mesmo sendo a base do ayurveda o uso de produtos e elementos da  natureza, a chave para a saúde e a cura está na quantidade, em acertar a dose que aquele paciente precisa e consegue metabolizar, pois do contrário, o tratamento pode ser muito danoso à saúde!

Além disso, existe aquele conhecimento que está além do fisiológico, que na minha opinião é um grande auxiliar na cura, o corpo astral, energético! Muitas vezes ao aplicar uma massagem a gente consegue sentir a energia do paciente, se a frequência é alta ou baixa, e do que ele está precisando. Com um pouquinho mais de técnica; e hoje existem várias linhas de estudo deste "corpo emocional", podemos neste momento conversar com o corpo, deixar fluir por um canal muito especial a energia que está presente no cosmos. E renovar, limpar os canais obstruídos pela dor ou pela doença. É um trabalho muito sutil, que exige muita presença!

Isso infelizmente não se aprende na escola! É, na minha visão, a devoção! Estar presente de corpo na alma quando estamos diante de alguém, que esta ali, de corpo aberto e solicitando pela nossa ajuda!

Estou muito feliz que estar aqui, e poder ver vários lados de uma mesma moeda! De ser terapeuta, cuidador, e humano, assim como estas meninas, que mesmo sem saber, absolutamente nada sobre isso que estou falando, ajudam muita gente! Pois é visível o quanto elas gostam do que fazem! É tudo união! Yoga! Ser completo, no que for possível!