10 de mar. de 2012




O Egoísmo Espiritual

Já faz muito que reflito sobre sobre as questões e dúvidas que acompanham aqueles que optam por seguir o caminho do desenvolvimento espiritual. Tive a sorte, ou quem sabe, fui abençoada pela graça de ter começado muito cedo, na adolescência, mas embora cedo, esta fase da vida é bem complicada, pois temos que lidar com as diferenças e questionamentos das pessoas que nos amam, e temem que algo esteja errado.

Quando você é adolescente a diversão é ir a festas, encher a cara, arriscar-se nas mais diversas aventuras, e isso faz parte e na minha opinião com responsabilidade deve ser vivido, e foi o que eu fiz. Só que aos poucos fui me dando conta que eu não precisava de nenhum artificio externo para ser feliz, ou para ser mais extrovertida, pois sempre fui muito alegre a companheira dos meus amigos.

Parar de comer carne no Rio Grande do Sul foi uma afronta aos meus antepassados. Chegar com abobrinha, abacaxi e arroz integral nos churrascos sempre foi motivo de chacota, mas aos poucos as pessoas foram entendendo e respeitando este novo estilo de vida, não sair mais para as baladas, acordar cedo, e posteriormente o trabalho com o yoga só me ajudou, e fiz belas associações com pessoas que tinham o mesmo propósito de vida, o que foi muito recompensador. Isso é fundamental!

Mais de 15 anos se passaram e também muitas mudanças na vida, e hoje novamente me vejo na mesma situação. Com dificuldade de interagir com grupos de pessoas que não tem este mesmo propósito, não quero parecer uma pessoa chata, ou deslocada, mas juro por Deus que em certos ambientes me sinto um peixinho fora d´agua.

Em algumas leituras, e recebendo os conselhos de alguns mestres, todos falam de um certo "egoísmo", que o devoto, ou quem segue o caminho espiritual as vezes deve por em prática. Mas o que será este egoísmo? Sinto que muitas vezes eu prefiro ficar sozinha, praticar um bom sadhana, uma boa leitura, à me aventurar por festas e encontros sociais, será que é disso que eles estavam falando?

Numa outra oportunidade um mestre muito querido falou que a gente nunca encontraria um professor de Yoga em um bar, ou em um pagode. Lógico que ele estava exagerando no exemplo; mas o que ele queria dizer é que os yogues devem viver a vida de acordo com o que acreditam. Coerência, harmonia entre o falar e fazer. Não é fácil seguir a risca, afinal vivemos no ocidente e nem todos os nossos amigos e gostos respeitam 100% esta escolha; mas interpreto que devemos ao máximo procurar isso, mesmo que muitas vezes tenhamos que ser um pouco egoístas.

No Vedanta se estuda a realidade, a evolução e a libertação. Segundo uma recente entrevista que li com a professora Glória Arieira, existem dois estilos de vida em busca da libertação (de um sofrimento, de uma insatisfação constante): um estilo de vida do sannyasin (renunciante), em que a pessoa renuncia à sociedade - casa, filhos e trabalho- e vive isolada, estudando e meditando; e outro em que o Karma Yogi vive na sociedade, mas encaixa o estudo e o ensino também na sua vida com os filhos, o trabalho, etc.

Ela comenta que todos nós achamos que a renúncia é mais fácil e Arjuna na Gita também achava: porque você então só se dedica ao estudo. Mas acredito que tentando conciliar tudo isso, amadurecemos e também ensinamos um pouco aos que mais precisam. 

Não somos melhores nem piores dos que os outros, apenas optamos por desenvolver mais potencialidades. 

Todos são capazes, mas apenas alguns o fazem, pois como falei no inicio do texto, muita gente vai te questionar até entender o proposito da sua vida.

Um grande beijo e uma reverencia com muito amor a todos aqueles que escolheram o caminho da entrega e da devoção. Que todos possam entender e nos respeitar!

Que este egoísmo não nos afaste das pessoas, mas sim que ele afaste energias e situações que não nos acrescentam!

Mãos em prece

2 comentários:

  1. Belo texto miga! Adorei! Peço desculpas se no passado tenha agido algumas vezes contrária a alguma de tuas opções. Hoje posso dizer com tranquilidade que tenho o maior respeito pelas tuas opções, mesmo que sejam diferentes das minhas. Tenho muito a aprender com isso tudo ! beijos, Rê Santa Maria

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  2. Imagina miga! Todas as provações fazem parte do nosso amadurecimento! É super compreensível que quando se tem 16, 17 anos e alguém começa a falar sobre energias e coisas do astral os amigos entrem em choque! Tu super acompanhou meu processo então acho muito legal ler este feadback! Estamos sempre em desenvolvimento, isso é o mais importante! Obrigado!

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